terça-feira, 21 de outubro de 2008

Conflitos Tribais

Bem, para começar, nada melhor do que um grande tabu dentro do sistema educacional de qualquer lugar no planeta: a famosa bagunça.
Não achem que meu perfil nerd faz de mim um sujeito que não participava de bagunças, que não participava das épicas guerrilhas de giz, apagador, mochilas e tudo mais que estivesse ao alcance das mãos. Que nunca falava merdas nas horas das explicações para fazer a turma rir ou porque simplesmente achava o comentário engraçado.
Que nunca comecei um "GAY!! GAY!! GAY!!" dentro de sala de aula ou bati papo sobre "n" coisas com meus amigos e amigas. Do nosso ponto de vista de alunos, isto é extremamente normal e não existe sala normal onde pelo menos dois destes casos não tenham feito os cabelos de nossos profesores irem aos ares!
E como era divertido deixar aquele cara chato fora de si e fazer quinhentas piadinhas sobre o professor soltando as macacas!
Aposto que vocês devem ter aberto um breve ou longo sorriso neste momento. Legal lembrar-se disto, não é?
Até começar a dar aulas, também achava (tá, ainda acho).

Imaginem agora a seguinte situação:
Você estuda um dia inteiro e treina mentalmente sua didática para fazer um trabalho foda dentro de sala. Montar uma boa aula é quase como um preparatório para algum rito espiritual. Concentração é, no mínimo, fundamental.
Aí, você entra na sala e se depara com estas situações:

1º - A guerra de giz:

Descrição: Um bando de aborígenes soltando gritos histéricos ao arremessar projéteis multicoloridos e objetos diversos (bolinhas de papel) em qualquer direção (inclusive na sua!), entricheirando-se em carteiras e mochilas. Alguns destes curiosos seres apenas deliciam-se do espetáculo, soltando gargalhadas e uma comum minoria apenas trata o evento com uma escondida negação, para evitar algum tipo de alvejamento sobre sua pessoa. 

2º - Feira:

Descrição: Curiosa etnia que troca informações de forma a gritar em diversas frequências e, para confundir seus opositores e a barraca do lado, mistura os sons confundindo a todos. É a "técnica" mais comum em uma sala (habitat) e, acreditem, a mais irritante.

3º - Coral:

Descrição: Reação do bando em prol de uma causa. Através de sons diversos, como "AHHH, PROVA?!" ou " GAY!! GAY!! GAY!!" ou "SÉÉÉXOOO", o bando exprime suas vontades primitivas e primordiais (normalmente sedentarizar a aula inteira), competindo diretamente com a voz daquele corpo estranho que tenta interagir com o bando através de conhecimentos "obscuros".

4º - Rebelião Tribal:

Descrição: Ocorre quando os "detentos" em seu limite de ócio, ou hormonal (dito como atração ou repulsa) resolvem começar um conflito físico, dando origem a cadeiras arremessadas, tapas e gritos, caracterizando um conflito tribal disputando a liderança sobre qualquer coisa, inclusive uma caneta ou carregador de lapiseira.

Estas são as principais táticas utilizadas por esta tribo descontrolada chamada "turma". Um professor que se prepara com todo cuidado (pelo menos eu sou assim) e se depara com uma situação obviamente perde a paciência, podendo inclusive recorrer ao chefe da classe étnica local (o "Diretor") ou seu pagé (o "Coordenador"), caso a tribo realmente saia de controle.
Tudo bem que para todos nós licenciados, licenciandos ou psicólogos estes comportamentos significam várias coisas, que variam de necessidade de atenção mútua, a filha-da-putice aguda (doença comum em alguns membros destas tribos).
Também é comum a explicação de que uma escola e uma turma representam a simulação de uma sociedade, refletindo o caráter social de cada ambiente e que a bagunça nada mais é a que a representação do caos que representa nossa sociedade sem uma liderança fixa (por isto somos sociologicamente dependentes de liderança - anarquistas têm ou já tiveram mãe e pai, lembrem-se). 
Cabe ao professor exercer durante seu curto tempo de "mandato" a propagação da organização, seja de forma pacífica ou diplomática - através de diálogos; seja pela forma ditatorial-agressivista - com esporros e "exílios sociais"; seja pela alternatividade - com ténicas que façam os alunos se prenderem ao conteúdo de forma a ser construtivo e atrativo, entre outras técnicas ou métodos.
Acreditem já utilizei de todos os perfis um pouco e a eficácia é sempre vista por nós professores-educadores de forma a doer a consciência, estimular a abstração (a negação também é uma técnica de controle de massa) ou conseguiur "dominar" positivamente a tribo.

Querem saber qual a melhor técnica? 
Então mostrarei para vocês em três passos:
1º: Peguem um livro de historia ou sociologia e foquem nos sistemas de governo que você;
2º: Procurem ler um livro de Freud, escutando qualquer música de funk;
3º: Procurem no google sobre conflitos étnicos, religiosos e políticos e pensem numa turma 
4º Leiam "O Príncipe" de Maquiavel - de preferência comentado

A partir deste momento vocês saberão qual o perfil de seu professor. 

Querem saber o meu perfil?
A curiosidade matou o gato! hehehehe

E sim, a explicação sociológica para a criação de comunidades para seus coleguinhas de turma e para seus professores não têm nenhuma diferença com a aprovação popular de pessoas políticas ou celebridades.

E lembre-se, meus amigos:

Não é à toa que a Escola é o seu segundo lar. Agora procurem seus professores favoritos e agradeçam a estes seus primeiros presidentes da vida. 

Até a próxima! 

3 comentários:

Tiago disse...

Eu estava um pouco indeciso sobre q carreira seguir, já que esta chegando a hora de fazer o vestibular, agora eu ja sei qual seguir, vou estudar os genes dessa estranha tribo.
Acho q farei engenharia genetica para tentar explicar, estudar e corrigir essas mutações do DNA q geram essa estranha anomalia na mais estranha ainda, raça humana.


Abraços

Luciene de Morais disse...

Vida dura a de professor, hein!
Sorte!!
bjs
Lu
http://humanidades-e-afins.blogspot.com

Luifel disse...

Ser professor é foda!

Vê se não some vei!


Abção!