segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

A "maledeta" Geofísica

E aí leitores?! Bem. como  está sendo percebido, mais uma vez tentarei tomar cargo do blog. Confesso que com todas as coisas que têm acontecido desde o segundo semestre, meu tempo ficou reduzidíssimo e minha concentração voltou-se para as tarefas cotidianas. No entanto, esqueci de um dos momentos mais importantes da vida de uma pessoa: AS FÉRIAS!!
Por incrível que pareça, férias de professores não começam quando o último aluno faz a prova. A verdade é que nós temos um "flash" de férias (e a tendência é só piorar com o aumento de carga). Não pelo fato da falta de descanso ou pela falta de coisas à fazer mas pelo ócio de não dar aulas neste período (no meu caso, lógico). A vantagem é que esta "saudade do trabalho" só melhorará meu nível nas aulas, vai entender.
Como "presente" de ano novo, falarei sobre uma parte da Geografia (citando obviamente as reações) que uma grande parcela dos alunos ODEIAM: a Geografia Física.
Se existe uma matéria que os alunos dormem, cagam e olham pra cara do professor pensando: "por que eu tenho que saber desta joça?", esta é a Geografia Física.
E com certeza dá pra entender. Eu por exemplo, quando aluno, era um dos primeiros a dormir e desprezava totalmente a aula, afinal de contas, era só decorar!
E era só decorar mesmo! As questões definitivamente não faziam o aluno pensar ou entender sobre a matéria. Desde muito tempo em sala de aula, esta tem sido uma matéria desperdiçada por professores, principalmente pelo fato desta exigir uma certa dose de criatividade para que não se torne um saco. 
Ensinar qualquer matéria para que seja decorada é como comer pão e depois beber água. Você vai ficar cheio e no final não adianta porcaria nenhuma.

- Então Rômulow, qual foi sua alternativa?

Unir os três elementos-chave: INTERESSE, CURIOSIDADE E DIVERTIMENTO.
Agora vamos as explicações:
-> Interesse: Esta é a mais fácil. Se você não estimular o interesse do aluno sobre a matéria, ele vai dormir, abstrair sua aula ou transformar sua sala em uma feira. No entanto como estimularei o interesse?
-> Curiosidade: Acreditem: a curiosidade definitivamente matou o gato e é com ela que seus alunos irão fazer cara de "óóóóhhhh" ou de "nossa! nunca pensei que fosse isto!". Para que ela funcione é lógico que seus alunos têm que estar pelo menos te olhando e com certeza, aumentando a curiosidade, a aula fica sempre mais interessante. A partirdaí vem o toque final:
-> Divertimento: Na minha humilde opinião, por mais curiosa ou interessante que seja a aula, se ela não for divertida, os alunos não se lembrarão. nós como alunos sempre nos lembramos de alguma bobeira que um professor fez. A parte babaca da aula ninguém esquece! Então, aproveitando esta linha de pensamento, que tal transformar a aula em um troço divertido, curioso e interessante?

Um exemplo simples é a minha explicação sobre agentes internos de relevo. Para que vocês tenham uma noção o raciocínio lógico (burocracia) para chegar a esta aula é:
1.- Formação do Universo;
2.- Formação da Terra;
3.- Camadas da Terra;
4.- Eras Geológicas (esta parte é punk);
5.- Agentes Internos do Relevo;
5.1.- Teoria da Tectônica de Placas;
5.2.- Teoria da Deriva Continental;
5.3.- Tectonismo;
5.3.1.- Movimentos das Placas Tectônicas;
5.4.- Vulcanismo;
5.4.1.- Estrutura dos Vulcões;
5.4.2.- Catástrofes, etc.;
5.5.- Sismicidade;
5.5.1.- Catástrofes, etc..

Sim, e você, mero mortal acabou de sentir aquela ânsia de vômito ao se lembrar, certo? Eu também sentia. Como fazer com que esta porra fique legal?

Bem, de cara disse a minha(s) turma(s) que o conteúdo era pornográfico e explícito. O que acontece com um adolescente quando você fala em putaria? 
Logicamente, 95% da turma mirou a aula (5% ou abstraem a aula, ou te odeiam ou não se interessam por putaria, mas estão escutando por medidas de longo prazo)
Então começo. A explicação "núcleo" era sobre  movimentação de placas tectônicas pois é a parte da aula que se pode englobar praticamente todo o conteúdo.
Chamo sempre um casal de alunos voluntários (afinal de contas putaria forçada é estupro), para representar a placa fêmea e a placa macho. Sobre isto tive alguns "problemas":

- já houve uma placa macho gay; 
- já houve uma placa fêmea que tinha novo da placa macho que estava querendo pegá-la;
- já houve  uma placa do Senhor.

Então... a partir daí eu mostro para a turma os três movimentos básicos das placas a convergência (choque), e no momento em que eles se "chocam" eu pergunto a turma: 

- Tá tendo atrito?
- Siiiimmmmm!!!!
- Vai ter formação de vulcãozinho?
- Siiiiimmmmmm!!! (ao fundo: Seeexoooooooo!!!)
- Vai ter muito tremor?
- Siiiiiiiiiiiiiiiiimmmmmmmmmmm uhuuuullll!!!!!!
E para finalizar:
- Vai ter formação de relevo na "borda" das duas placas?
- Siiiiimmmmmm!!! Iiiááá engravidou!!!!

Quanto a divergência, peço que os alunos "unidos" (pela frente, ok?) se afastem.
Neste momento chamo de coito interrompido.
Aí a turma vai ao delírio!

E quanto ao terceiro movimento, a transcorrência, chamo carinhosamente de micareta. Por quê?
Elas irão dar uma roçadinha paralela uma na outra (neste momento peço para um aluno bater ombrinho com o outro). Porém, dependendo de onde seja esta "roçada", poderão haver apenas tremores ou formação de vulcões em plena atividade, como no caso das Rochosas.

E não, eu não fumei maconha na hora de explicar isto.

Aí vêm as pérolas sobre esta explicação para finalizar:

"-Fessô, meu vulcãozinho não acende pela frente não! Só por trás!" (assim mesmo, na frente da turma toda).
Depois da minha cara de atônito ele topou fazer a placa macho.
"- Minha placa não vai roçar neste tarado não!!!!"
Resposta escrota: "-Você acha que uma placa pergunta o nome da outra na hora do choque?" 
"- Eu sou uma placa do cristã! Jesus não permite estas coisas!"
Resposta escrota: "-Jesus nem era nascido nesta época!!!"

Mas é claro galera, que estas coisas que os alunos disseram e minhas respostas educadíssimas foram apenas para alimentar a zoação. Quando o aluno ou aluna não queria participar, apenas perguntava se havia outro(a) voluntário(a).
E também é claro que eu não ensino isto para o Fundamental! 

Bem, como pensamento final quero que vocês percebam uma coisa.
Reparaam que na parte certa o texto tornou-se mais interessante, curioso e divertido?
Sim, somos manipuladores! 


moar, moar moar...

7 comentários:

Pollyanna disse...

Cra, que putaria é essa?
voce é uma pessima influencia pra mim! ahahhahahahahaah

Grazi disse...

Confesso que a geografia não e aliás nunca foi meu forte rs. Mas entendo vc perfeitamente.

"Ser professor é padecer no paraíso"

ah, sou bióloga rs

bjs

Suzana Gonçalves disse...

Caraca! você está de volta! Que suas sagas sejam mais divertidas,com menos humor sujo (humor sujo e sem graça do Rômulo)Mas que sejam boas. Bjs.

Beatriz Vieira disse...

E quem não é manipulador, quando estudava só prestava atenção nas aulas que envolviam putaria tbm!!
hauhauahuahua...
é sempre uma bela soluçã pra prender atenção do aluno!

_igoR disse...

Bah tá louco meu prof de geografia era uma negação, ficava lendo seu livro como um Alcorão, só falta dizer! "Alá não cita isso no seu sagrado livro".

Mto bom o teu blog! Parabéns xD

Kacau disse...

Depois dessa me recuso a fazer Letras kkkkkkk vai ter vocação assim lá na China...


http://messnatural.blogspot.com/

Nix disse...

Cara, eu tambem ja fui professor e também divertia os meus alunos com zoações e explicações pouco covencionais. Mas isso é um talento. Nem todos tem. Além disso, algumas vezes o tiro saia pela culatra, com alunos conservadores contactando a diretoria ou reclamações de pais. Era uma atividade "perigosa". Eu tive que diminuir a mão. Com o políticamente correto permeando as nossas vidas, fica cada vez mais difícil ser um professor interessante. De qualquer maneira parabéns pela imaginação.